Os Tanques de Congelação
Manteve-se intacto até à atualidade este conjunto de 44 tanques de congelação com profundidade de 30 centímetros, dispostos em socalcos engenhosamente projetados.
Trata-se de unidades individuais mas intercomunicantes, por onde a água circulava através de um sistema de caleiras e orifícios, situados na base dos muretes de separação, enchendo cada um à vez, em cascata.
Durante as frias noites de inverno na serra, a água nos tanques congelava, formando placas de gelo finas: o chamado «caramelo».
Nesta estrutura, foram ainda delimitadas zonas de circulação entre fiadas de tanques, para acesso dos trabalhadores que recolhiam o gelo já formado.
Não é possível fazer uma estimativa fidedigna da produção anual de gelo no período de plena laboração da fábrica, mas calcula-se que chegaram a ser produzidos cerca de 66 408 m3 de gelo.
Entre 1741 e 1886, houve transformações significativas e foram implantadas novas estruturas no complexo da Real Fábrica de Gelo.
Assim se explica o aumento da área ocupada pelos tanques de congelação, por exemplo: aquando da construção, já em meados do século XX, do complexo militar vizinho, terão sido destruídos tanques de congelação e pelo menos um grande depósito.
As sondagens arqueológicas realizadas entre 1993 e 1995, junto ao depósito e aos poços existentes, puseram a descoberto o que poderá ter sido uma estrutura de apoio ao abastecimento de água.
Esta descoberta permitiu identificar uma parte da fábrica anterior à fase de reedificação (1782).