Silos
Depois de recolhidas dos tanques e transportadas até ao edifício de produção e conservação do gelo, as placas de gelo eram armazenadas nos silos, onde permaneciam durante todo o Inverno. Com a chegada do Verão, altura da expedição do gelo para Lisboa, os blocos eram compactados, cortados e envolvidos em palha, feno e serapilheira, para aguentarem a viagem.
O edifício dos silos, ou poços, preserva alguma monumentalidade. Existe um silo central, de maiores dimensões; um silo voltado a oeste e outro, a leste. Todos têm cobertura abobadada e acesso através de portas situadas sob o arranque das abóbadas.
O silo central apresenta planta circular, profundidade de 9,40 metros e diâmetro de 7,20 metros. No seu fundo, são ainda visíveis os paralelepípedos que suportavam o estrado de madeira onde se dispunha o gelo. Há uma curiosidade descoberta entretanto nas paredes deste silo: um conjunto de riscos verticais atravessados por outro, na horizontal, que se designou como «escrita contabilística»: tratava-se de uma forma de controlar as quantidades de gelo que saíam da fábrica.
Os outros dois silos, mais pequenos e menos profundos, têm planta retangular. As densas paredes destas construções, associadas à localização do edifício, protegido pela vegetação e sem exposição à luz solar, criavam as condições de temperatura e humidade perfeitas para a conservação do gelo, até à sua expedição para Lisboa.
A norte do edifício encontra-se a cobertura do silo central, sendo visíveis no exterior as lajes de calcário «em leque» e os contrafortes que suportam esta impressionante estrutura.
Os trabalhos de recuperação do edifício de produção e conservação de gelo da Real Fábrica, em finais dos anos 1990, mantiveram todas as estruturas que se apresentavam visíveis à data, construindo gradeamentos para os silos, por motivos de segurança, e garantindo condições para a conversão e musealização do espaço.