Fotografia LMF Coelho
Calcário, clima e Lisboa à vista na Serra de Montejunto: a história de um lugar
A duas léguas e meia de Alenquer contra o norte se levanta a serra que hoje chamam de Montejunto. A maior antiguidade lhe chamou Monte Sacro, e também Monte Tagro… Nós a pudéramos nomear por um só monte de pedra, ou uma só pedra, antes que serra.
— Frei Luís de Sousa (século XVII)
A Serra de Montejunto integra o Sistema Montejunto-Estrela e pertence ao Maciço Calcário Estremenho. É o miradouro natural mais alto da Estremadura, com 666 metros de altitude.
Do ponto de vista geológico, é sobretudo constituída por rocha calcária, visível nos vales escarpados, nos pequenos planaltos, nos imponentes penhascos e nas fragas. A rocha calcária tem enorme capacidade de absorção das águas pluviais, e por essa razão aqui abundam os algares, as grutas e as lagoas residuais.
Do ponto de vista climatérico, a zona onde foi instalado o complexo pré-industrial da Real Fábrica de Gelo reunia as melhores condições para a produção e conservação do gelo: virada para a costa atlântica, sofre a ação direta e intensa dos ventos oceânicos, húmidos e gelados, o que influencia a circulação hídrica, a vegetação e a própria morfologia do território.
Finalmente, a localização estratégica, a cerca de 60 quilómetros de Lisboa: através da Real Fábrica de Gelo, estabeleceu-se entre os séculos XVIII e XIX um importante elo industrial, económico e social entre a Serra de Montejunto, o estuário do Tejo e a capital.
A neve e o gelo natural como produtos
Localização poços de neve ou gelo natural Portugal/Espanha/França