A Aldeia de Pragança no Circuito do Gelo
Entre os séculos XVIII e XIX, no período de funcionamento da Real Fábrica de Gelo de Montejunto, Pragança foi um importante ponto de partida na produção e conservação do gelo natural. Quando nas noites de Inverno a temperatura gélida solidificava a água dos tanques, formando o «caramelo», o guarda da fábrica cavalgava até à aldeia. Usando uma corneta, convocava os aldeãos para que subissem a Serra de Montejunto. De Pragança eram então oriundos os trabalhadores do gelo. Ainda de noite, subiam a serra e procediam à tarefa de recolha das placas de gelo dos tanques. Depois, transportavam-nas em cestas até ao edifício dos silos, onde o gelo ficava armazenado até ao início do Verão, altura em que era enviado para Lisboa, abastecendo a Casa Real, os melhores cafés e o Hospital de Todos os Santos. A Fábrica de Gelo constituiu uma fonte de subsistência muito relevante para as populações serranas, e assim foi até ao seu encerramento.